quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Prof.a LUCIA BUENO DE ALMEIDA SILVEIRA


Lúcia Bueno de Almeida Silveira,
a Professora Lúcia:
“Fonte inesgotável de amor e dedicação nas coisas que acreditava. Nossa saudade será eterna”.

Esta foi a simples, porém sincera homenagem, prestada pelo Departamento Municipal de Cultura e Turismo de Brodowski, onde ela exercia as funções de Coordenadora das Ações Culturais. Estes dizeres, com sua foto juntamente com seus colegas de trabalho, estavam numa singela faixa estampada no palanque das autoridades no último Desfile Comemorativo aos 97 anos de Brodowski que ela idealizou e programou, durante a XXXV Semana de Portinari da qual era Presidente e no recinto da Piazza della Nonna, local onde exercitava uma das coisas que mais gostava de fazer: cantar para o seu povo.
Por toda a sua vida se dedicou às coisas de sua amada cidade. Quando foi embora e nos deixou no último dia 09/08/2010, estava no auge de suas atividades, produzindo como ninguém, com muito amor e dedicação, coisas lindas para enriquecer, ainda mais, a cultura do seu povo. Seu aniversário seria em 13/08.
Como professora emérita, foi uma das melhores que nasceu e pisou este solo abençoado da Terra de Portinari e Saulo Ramos. Podemos dizer seguramente, sem medo e errar, que setenta por cento das pessoas com 40 a 50 anos de idade desta cidade, foram seus alunos. Lecionou Língua Portuguesa na Escola Estadual Coronel José Aleixo da Silva Passos - JASP e Escola Candido Portinari onde trabalhou por muitos e muitos anos, entre outras. Dentre seus inúmeros afazeres, estava sempre disponível para ajudar seus alunos, mesmo depois de formados. Auxiliava-os desde a elaboração de discursos de formatura, a monografias de final de curso, até teses de pós-graduação, mestrado e doutorado. Tudo passava pelo gentil crivo da Professora Lúcia e se tornava numa peça de real beleza.
Paralelamente a isto, trabalhou por mais de 30 anos para a área cultural da Prefeitura Municipal de Brodowski, programando e organizando as Semanas de Portinari (15 a 22 de agosto); os eventos em comemoração ao Aniversário da Cidade (22/08); Encontro Nacional de Companhias de Santos Reis; Carnaval Popular; Eventos com as Artesãs da cidade, e, nos últimos anos a Semana Cultural Saulo Ramos, seu admirado amigo.
Além de tudo isto, a Professora Lúcia cuidava, pessoalmente, das coisas de sua casa e de sua família e, encontrava tempo para tudo.
Competente, amiga, leal, idealista, enérgica, generosa! Esta foi a Professora Lúcia, ou melhor, um pouco dela, que o povo de Brodowski e em especial os seus amigos do Departamento Municipal de Cultura e Turismo, aprenderam a amar e a respeitar. Brodowski e seu povo perderam uma grande mulher, que foi, sobre tudo, professora e mãe dedicada.

Fonte inesgotável de amor e dedicação nas coisas que acreditava. Nossa saudade será eterna.

sábado, 14 de agosto de 2010

AFINAL, O QUE É O TEMPO ??


Incongruências da vida


Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio. Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente:
As perdas do ser humano.

Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta. Sozinhos. Começamos a vida em perda e nela continuamos.

Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo. Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói.
E continuamos a perder e seguimos a ganhar.

Perdemos primeiro a inocência da infância. A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair... E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.
Por quê ? Perguntamos a todos e de tudo.
Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás.

Estamos crescendo. Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer.

Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros. Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo nos é tomado contra a vontade. Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres. Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso.

Receamos dar risadas escandalosamente da bermuda ridícula do vizinho ou puxar as pelanquinhas do braço da vó com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto. Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros. E aprendemos. E vamos adolescendo, ganhamos peso, ganhamos seios, ganhamos pelos, ganhamos altura, ganhamos o mundo.

Neste ponto, vivemos em grande conflito. O mundo todo nos parece inadequado aos nossos sonhos, ah ! os sonhos !!! Ganhamos muitos sonhos. Sonhamos dormindo, sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo.

Aí, de repente, caímos na real !
Estamos amadurecendo, todos nos admiram. Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados. Perdemos a espontaneidade. Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo. Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima (?) dos outros animais ? A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico e racionalmente planejado ?

E continuamos amadurecendo, ganhamos um carro novo, um companheiro, ganhamos um diploma. E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos e soltar pum sem querer.

Mas perdemos peso !!!
Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos-lhe aquele beijo estalado, mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade. E assim, vamos ganhando tempo, enquanto envelhecemos.

De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas (ou nas pernas), ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso. e perdemos cabelos. Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir. perdemos a esperança.
Estamos envelhecendo.

Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo. Afinal, quem nos garante que haverá mesmo um renascer, exceto aquele que se faz em vida, pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte, mas que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando, que a primavera sempre chega após o inverno, que necessita do outono que o antecede.

Que a gente cresça e não envelheça simplesmente. Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie. Que tenhamos rugas e boas lembranças. Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia. Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos. E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam-se amados.

Afinal, o que é o tempo ?
Não é nada em relação a nossa grande missão. E que missão ! Fique em Paz !


Alberto R. Fioravanti